terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O camarim seco do desfile molhado

A Bienal parecia mais calma na tarde de hoje. Sem celebridades ou grandes expectativas, o prédio preparava-se para encerrar mais um edição da São Paulo Fashion Week, a trigésima. A organização convidou uma marca para o encerramento da data especial. É uma grife de jeanswear jovem, que faz uma moda de rua básica e tem, em sua origem, o DNA do rock. Chama-se Cavalera.
Quando as pessoas receberam seus convites, pensaram: “Ué, mas o desfile vai ser na Bienal?” É que a Cavalera sempre prepara uma apresentação externa, com surpresas e detalhes interessantes. Ao contrário de marcas parecidas, não investe na contratação de gente famosa para brilhar em sua passarela, mas na elaboração de um show de moda com cenário, surpresas, gracinhas.

A hora da correria no camarim da Cavalera
Desta vez, o convite surgiu da Luminosidade. “Eles disseram que queriam aproveitar o espaço da entrada do prédio e aquela decoração incrível e nos chamaram para fechar o evento”, explica o estilista Fabiano Grassi. Daí, ficaram sabendo que esta entrada seria uma passarela envolta em água e decidiram aproveitar completamente o cenário para mostrar sua coleção de inverno.
No backstage, o clima antes do desfile anterior, de André Lima, era de tranquilidade. Sem muita gente para lotar o camarim, a equipe de estilo – que chegou às 15h para preparar a apresentação que seria às 21h – descansava e cuidava de pequenos detalhes finais. Mas foi abrirem as portas para a saída da sala precedente para a correria começar. “Vamos ao ensaio, o desfile vai ser na entrada da Bienal, e não na Sala 2 como diz o convite”, falou alguém da equipe. Estava revelada a surpresa principal da Cavalera.
Faltava meia hora para o horário original do desfile – 21h30 – quando as primeiras modelos apareceram para fazer o cruzamento. “Vamos colocar antiderrapantes em todos os tênis dos modelos masculinos!”, gritava o diretor do desfile, Wan Vieira. Os modelos passariam no meio da água e, além disso, por baixo de uma chuva artificial. “Quem não tiver guarda-chuva desvia da água, e quem tiver, passa embaixo. Mas na hora do agradecimento, todo mundo vai se molhar!”, berrava Vieira, enquanto o casting ria e alguns diziam que só se molhariam se o diretor fosse junto.
O casting

Os designers Igor de Barros e Fabiano Grassi pareciam calmos. Não dá ansiedade fechar uma SPFW? “Que nada”, disse Fabiano: “nós já abrimos e fechamos, é sempre a mesma coisa, a diferença maior é que acaba para a gente.” Eles desejavam boa sorte às modelos com sorrisos no rosto e providenciavam os cortes dos laços dos sapatos, que estavam muito grandes e podiam ser um risco maior à queda.
Não adiantou muito – uma das meninas caiu bem em frente ao pit dos fotógrafos.  Mesmo assim, não deixou de seguir a orientação do diretor: continuou alegre, sorridente, com aquela energia boa que a organização da SPFW queria quando convidou a Cavalera para encerrar a semana. “Nós somos uma marca de comportamento, não temos grandes pretensões com relação à inovação de design”, disse Fabiano, antes do desfile. Nas araras, jeans, jaquetas douradas, vestidinhos estampados. Nada que já não tenha sido visto antes e, inclusive, modelagens que já são antigas.

 Ainda bem que logo antes do desfile, todo mundo já está a postos, esperando começar. Se não fosse assim, muita gente teria visto a multidão de corpos magros, altos e coloridos passando pelo lado de fora da Bienal, rumo à entrada. E foi na passarela que atravessou todos os dias que o público assistiu ao último dos 31 shows desta temporada de inverno 2011. Moda na Bienal de novo, só em junho.

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